domingo, 30 de maio de 2010

contra a mesmice!

Organizar o presente com base no futuro é muitas vezes um ato falho, pois se a pessoa está em constante transformação e ‘eu’ já não sou o ‘eu’ do início desse texto, é possível e provável que nossas aspirações ao futuro também não são. Ora, há cinco anos recusava qualquer possibilidade de um estudo além do que estava fazendo. Cinco anos é pouquíssimo tempo para tanta coisa ter mudado. Não, não é não. Pelo contrário, nosso mundo já não é o mesmo daquele de outrora. Não somos os mesmos tão pouco. O fato é que isso causa um desânimo monumental de ver como as coisas vão tomando rumo em direção a um futuro que já não é mais o nosso. Estamos indo em direção a um futuro da pessoa que já não somos mais. A dependência nos aliena, nos impede de olhar com nossos próprios olhos. Ela permite que você seja a mesma pessoa por mais tempo, isso é horrível! Bem, o fato é que o labor nos ajuda a não pensar nessas inconstâncias de perspectiva, e quando estamos desprovidos dessa cotidianeidade esse pensamento explode. Quando o mundo todo a sua volta muda em velocidade surpreendente e nossas expectativas dele não, é porque algo está precisando de ajuste.
Tornamos-nos mais independentes, fisica e psicologicamente, e menos predispostos a sofrer à mudanças. Parece que nada mais que mantém a visão no ‘futuro-passado’ lhe fará sofrer. Não faz mais falta! Aliás, falta faz, mas suportaríamos numa total estabilidade de espírito. Então, contrariando a noção anacrônica de que utilizar o passado num contexto do presente (bem grosseiro), no processo real e histórico dos personagens desse mundo caótico já não é possível, pois isso resultaria num retrocesso. Me parece possível na literatura, mas... lá não! Aos 6 anos, meu objetivo de vida era uma boneca, Barbie de preferência, que só permitia que eu trocasse as roupas dela e mexesse os braços e pernas. Se trouxéssemos esse momento pro presente, essa boneca provavelmente teria que andar, falar e me render algum! Almejamos por bonecas maiores e mais elaboradas! Não podemos ficar nas ‘Susis’ do passado. Mas se isso muda, todo nosso universo deve mudar também, e inclusive nossas aspirações ao futuro. Aliás, futuro... quem disse que o de todos já está escrito?!
...burn it all!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

infância

"Não gosto de falar em infância. É um tempo de coisas boas, mas sempre com pessoas grandes incomodando a gente, intervindo, estragando os prazeres. Recordando o tempo de criança, vejo por lá excesso de adultos, todos eles, os mais queridos, ao modo de policiais do invasor, em terra ocupada. Fui rancoroso e revolucionário permanente, então. Gostava de estudar sozinho e de brincar de geografia. Mas, tempo bom, de verdade, só começou com a conquista de algum isolamento, com a segurança de poder fechar-me num quarto e trancar a porta. Deitar no chão e imaginar estórias, poemas, romances, botando todo mundo conhecido como personagem, misturando as melhores coisas vistas e ouvidas." Guimarães Rosa