quinta-feira, 10 de junho de 2010

WTF deixa a vida me levar?

Desde crianças somos introduzidos às atividades de nossa família, desde educação, religião, time de futebol, comidas, e tudo que envolva nossa criação e nosso desenvolvimento. Praticamente dá pra prever como será esta criança quando crescer e se tornar adulto: à imagem e semelhança. E continua difundindo as mesmas concepções pros seus filhos e assim vai, essa é a tradição! Desde pequenos vamos a certa igreja para acompanhar os pais, e no caso da católica, estuda, faz catequese, participa de bênçãos de comunhão e crisma. O time de futebol é a mesma coisa, se meu pai é corinthiano, eu supostamente serei e sou corinthiana, sem julgamentos. Acontece que a maturidade vem, e diante do conhecimento que vamos tendo contato, dependendo de quê viés esse conhecimento toma forma e força em nós, passamos a pôr em cheque todas essas induções que nos perseguem por toda a vida, e com grande comissão julgadora. Especialmente em algumas áreas do conhecimento, nas humanas, onde alguns valores são não só discutidos pelos corredores, mas estudados teoricamente como disciplina fundamental, digo de um ponto em que o estudo já deixa de ser obrigatório pro ser humano e se torna parte de suas escolhas. A partir daí, as tradições ideológicas perdem sua opacidade e se tornam mais transparentes vistas de um olho cada vez mais crítico. E é o momento em que nos perguntamos, por que eu faço isso? É porque eu realmente acredito nisso, ou porque confortadamente eu sigo os que me antecederam? Me parece que a maturidade chega quando temos o discernimento de estabelecer esses limites e poder fazer escolhas conforme o próprio juízo. Se a pessoa for criada por uma família que seguisse o ateísmo, essa pessoa estaria quase fadada a segui-lo independentemente da sua real e particular crença. Ou ela seria estranha, criticada, solicitada muitas vezes a explicações morais. A maturidade só não basta, identificar essas diferenças individuais é atividade de nenhum esforço por parte de qualquer pessoa, da mais à menos informada. O que realmente importa nesse processo, é como cada um reage a essas diferenças; é honrar o nosso próprio comprometimento. Não é citar com fonte grande um autor que defende essa busca dos ideais incansavelmente, achar muito bonito, fechar o livro, e continuar do modo habitual. Essa não é exatamente a postura mais emblemática. Muito antes de criticar tudo e querer que tudo mude, devemos nos posicionar a um dos lados, ao menos. A busca do ser comprometido não é sobretudo querer mudar o que desagrada, mas mais importante e competente, é ter uma postura parcial frente à diversidade de acontecimentos, é ser parte de um ideal, é escolher fazer parte desse ideal. É torcer pra algum time, porque realmente lhe agrada, é participar dos encontros de tal crença porque isso realmente lhe faz sentido, é comer tais comidas sem pré-conceitos estabelecidos por outros. É por isso que eu não quero deixar a vida me levar, eu que quero levar minha vida, eu quero comandá-la com base nos meus conhecimentos e valores. Valores que tiveram a base formada na infância com as imposições feitas pelos nossos pais, e isso é necessário visto a impossibilidade de escolhas que detemos. Mas quem continua formando essa base é cada um, os andares subseqüentes quem constrói somos nós. Muito confortável criticarmos desde sempre o catolicismo, por exemplo, dizendo do quanto é falho e alienador, e casarmos nessa igreja, e batizarmos os filhos, e eles iniciarem a catequese. Se não concordamos com a postura da igreja, que assim seja em totalidade, em sentido pleno, e não só na hora de um momento revolucionário. Sem “culpa católica”! (lembrando a expressão da amiga Paula).

Um comentário:

  1. muito bom...vale a pena lembrar que isso se aplica não só às coisas que aprendemos em nossa família, mas às coisas que engolimos com água todos os dias...corrupção, opressão de empregadores, "rebolation" etc.

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